Garrafas virtuais na nova
Loja Mistral JK
Já
comparei nesta coluna as vantagens e desvantagens de comprar vinhos em
supermercado ou loja especializada. Supermercados têm grande poder de compra:
imaginem um Pão de Açúcar, Mufatto no Paraná ou Angeloni em Santa Catarina.
Porém, se o mundo do vinho é oceano, a oferta dos supermercados médios é lagoa.
Em geral concentram 50 rótulos básicos, dos portugueses de marca às santas
argentinas e santos chilenos, sem esquecer o quinhãozinho do Diabo na casinha.
Acontece que os supermercados sabem quais são os rótulos mais vendidos e
agregam uma razoável mais
valia em cima
dos "vinhos que todos compram" (Chianti, Periquita, Dão, Malbec e
qualquer coisa com Cabernet Sauvignon). Apenas quem tem dinheiro sobrando
compra vinho em supermercado. Ou então fica atento a alguma liquidação depois
que "ninguém comprou" a novidade.
Afora o preço alto, o supermercado é emburrecedor. O consumidor não tem qualquer orientação, e
então se acovarda na hora da escolha, repete o vinho que já provou, algum merlot
nacional ou malbec argentino com a semelhança de que começam com "m".
Embora existam milhares de rótulos e uvas a conhecer, o cidadão repete chardoné
com peixe, merlô com frango e cabernê com carne. Aliás, sai de férias sempre
para o mesmo lugar, Gramado ou Porto de Galinhas com medo de sair da concha.
Nada contra quem se sente bem no mesmo lugar, mas a vida é tão curta e com
certeza há lugares e vinhos maravilhosos a descobrir. Tenha consciência de sua
vida nos mínimos detalhes; conduza não seja conduzido!
Por sua
vez, a compra em loja especializada oferece vantagens e riscos. Nelas o
consumidor pode contar com a orientação do vendedor, mas o risco é ser
influenciado. A recomendação básica é não ultrapassar a faixa
de preço que
pretende gastar. Deixe claro o seu limite e desconsidere a tentação daquele
"francês em oferta". Mais ou menos como no restaurante sob a
influência do someliê, fique esperto para não gastar mais do que o previsto.
Atenção para a inversão dos papéis: não seja você consumidor a querer agradar o
vendedor! Receba orientação mas não se deixe intimidar. Use-o;
não seja usado. Saiba que ele é mais ágil do que você em termos de
"negociação". Uma boa dica é fixar desde logo a zona de barganha; se
você pretende gastar na faixa de R$ 40 diga logo que procura algo em
torno de R$ 30, para no máximo aceitar R$ 50 em caso de alguma "oferta
imperdível".
E por fim a sugestão: utilize
a ferramenta da internet. Hoje,
todas as boas importadoras – em ordem alfabética Cellar, Decanter, Expand,
Grand Cru, Mistral, World Wine, Vinci, Vinea, Ville Du Vin, Zahil – têm páginas
com direcionamento de países, regiões e faixas de preço, de modo que fica fácil
pesquisar na rede alguma novidade ou até ofertas do dia, algo que fique
confortável em seu bolso, até porque – convenhamos – Abílio Diniz já é
suficientemente rico. A enorme vantagem da web reside na possibilidade de pensar com calma. Na web
você tem "informação" e "tempo". Ninguém estará te
pressionando para comprar.
Ressalvados alguns sites que não revelam o preço (p. ex. Adega Alentejana) e
por isso afastam
o interesse do consumidor, na internet é possível
comparar preços e escolher com base nas informações que trazem, por exemplo
país, região, tipo de uva, graduação alcoólica, estágio ou não em barrica,
seleção de uvas, harmonização com comida, eventual pontuação de revistas
especializadas etc. Há também lojas não importadoras que oferecem bons preços,
algumas vezes inferiores aos do atacado, por exemplo o Rei do Whisky.
O que você está esperando? Acesse a rede, selecione desta ou daquela página o
que lhe parece melhor, compare com outros sites, sem a desvantagem de fechar
negócio sob pressão. Navegue
na web sem derrapar na maionese das máquinas de espremer consumidores como os
Walmart e Carrefour da vida.
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