Recentemente
temos visto uma nova tentativa de salvaguardar a incompetência de algumas
empresas nacionais, via interferência do governo. Estou falando da tentativa em
sobretaxar ou colocar cotas na importação do vinho importado, tendo em vista
que o vinho nacional vem perdendo espaço no mercado. O problema é que boa parte
dos empresários do setor vinícola brasileiro, quando fazem um vinho de alta
qualidade, colocam preços abusivos.
Neste
cenário, o consumidor que procura um vinho de boa qualidade e preço justo, vai
para o vinho importado, seja da América do Sul ou da Europa. De acordo com a
Federação das Cooperativas do Vinho, foram comercializados no Brasil cerca de
92 milhões de litros de vinho fino, sendo 20 milhões de vinhos nacionais e 72
milhões de importados. Já o Instituto Brasileiro do Vinho divulgou que o
brasileiro consumiu em 2011 perto de 78 milhões de litros de vinhos importados,
sendo cerca de 27 milhões do Chile, 18 milhões da Argentina, 13 milhões da
Itália e assim por diante. Seja como for, o número gira em torno de 25% do
vinho fino nacional contra 75% do importado.
Os
números mostram claramente que algo está errado na produção brasileira de
vinhos finos. Ou é o preço ou a qualidade, ou os dois. O correto não é subir o
preço dos importados nem limitar a importação, pois o problema está aqui
dentro. O Brasil precisa é fazer vinhos finos de boa qualidade a preços mais
baixos. O governo pode ajudar diminuindo impostos ou dando incentivos à
indústria nacional, mas impedir a entrada de produto melhor e mais barato é
incentivar a indústria a se acomodar e não evoluir. O governo estuda medidas
para tornar o vinho importado mais caro ou retirá-lo da prateleira.
Restaurantes
do eixo São Paulo e Rio de Janeiro já se posicionaram contra essa medida
solicitada por várias associações gaúchas, ameaçando inclusive retirar de suas
cartas o vinho nacional.
No
meio desta confusão, palmas para a Vinícola Salton, que enviou um comunicado à
imprensa afirmando que não apoia o pedido de salvaguarda dos vinhos nacionais,
por entender que estas medidas podem restringir o livre arbítrio de seus
consumidores. Reforça também que a empresa busca a melhoria de seus processos e
produtos, para concorrer com vinhos nacionais e importados. Vinho não é
commodity. Infelizmente o governo e alguns setores da indústria vinícola gaúcha
não sabem disto. Ou fingem não saber.
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