Entrevista de Daniella Romano para Revista Go Where Vinhos

1.       Daniella como foi essa mudança de Bacharel em direito para o mundo do vinho?

Em casa cresci com dois assuntos á mesa: o direito e o vinho. Meu pai um grande apreciador de vinhos e procurador do Estado sempre conversava conosco sobre justiça e vinhos. E não foi difícil cair de amores pelo direito. Mas aos poucos percebi que minha paixão pelo vinho era maior e foi um processo muito natural o direito me ensinou a buscar as respostas ‘ocultas’ e sentia uma sede enorme de conhecer mais sobre o sensorial do vinho queria entender como surgiam seus aromas e como reconhecê-los, além disso, eu tinha facilidade, fazia associações com pessoas, lugares, momentos, tudo estava ligado aos cheiros e perfumes na minha vida. Comecei a ler e a procurar cursos que só encontrei em outros países, eles me ajudaram neste descobrimento e quando percebi já estava totalmente envolvida. 

2.       O que a impulsionou a fundar a Aromas do Vinho?

Quando comecei a estudar sentia muita dificuldade não encontrava material adequado e que fosse fácil de manipular os que existiam eram muito caros e difíceis de entender, não ofereciam nenhum suporte e se você tivesse qualquer problema com um aroma ficava com a caixa incompleta, sem função. Decidi então criar meu próprio material para poder estudar e depois de pronto os amigos começaram a pedir para fazer para eles também. Percebi nisso um nicho de mercado e resolvi estudar e me aprofundar mais para fazer um produto que realmente ajudasse aos outros a entender de maneira didática como eu entendi. Senti que era muito importante ir além do material: precisava também de um serviço para tirar dúvidas, que o produto tivesse refil, que viesse numa embalagem resistente para poder ser usado por mais de uma geração e que fosse de fácil entendimento. Assim começou a Aromas do Vinho – a empresa produz e vende os kits, mas não para por aí dando todo suporte necessário pós-venda, é mesmo um curso na prática e que é atualizado a cada novo curso ou nova descoberta que eu faço o que também nos diferencia das outras empresas. 

3. Conte um pouco sobre como funcionam as caixas de aromas e no que elas auxiliam no aprimoramento olfativo.

Em primeiro lugar gostaria de explicar o que é uma caixa de aromas e como a nossa é composta.

Ela é uma ferramenta, um material indispensável para trabalho e estudo, eu ousaria dizer que ela é o ‘ticket’ de entrada ao mundo do vinho. A idéia das caixas de aromas é facilitar o aprendizado e o treino da memória olfativa. Ela nos ensina a reconhecer as qualidades e os defeitos, que são conhecidos como odores e como estes têm um cheiro forte e desagradável, não devem ficar na mesma embalagem que os aromas, pois podem contaminar toda a caixa.

As nossas caixas são diferenciadas de todas as outras porque para conseguir decifrar toda a história do vinho percebemos que poderiam ir além do aroma, fizemos várias atualizações e hoje temos uma caixa de aromas, cores e sabores do vinho. Um material prático bem didático que nos proporciona compreender todas as etapas da degustação: análise visual, análise olfativa e análise gustativa.  Na caixa dos defeitos do vinho os odores foram desenvolvidos com nanotecnologia e são micro-encapsulados, acondicionados em uma embalagem fechada a vácuo, extremamente segura, fácil de manipular.

 As cores e nuances nos indicam entre outras coisas a idade do vinho, os aromas nos falam sobre o tipo da uva, o processo de vinificação e envelhecimento, as soluções para testes gustativos contidas na caixa nos ensinam como reconhecer a doçura, a acidez, os taninos, teor alcoólico e as sensações na boca. Isto significa que qualquer pessoa pode aprender vivenciando cada etapa e não apenas lendo num livro.

 Nossa embalagem de madeira brasileira foi escolhida pensando nisso, para que seja passada por gerações. Atualmente a caixa tem 54 aromas, um baralho dos aromas do vinho com todas as classificações, origens e tipos de vinhos em que eles geralmente aparecem, um baralho das cores e nuances, com transparências que permite uma comparação muito real com o vinho, soluções para fazer testes gustativos, fitas olfativas para facilitar a liberação do aroma e café para neutralizar o olfato entre um aroma e outro.

Agora eu gostaria de explicar como ela pode ajudar no aprimoramento olfativo, como disse acima, é uma ferramenta que nos permite criar uma linguagem universal padronizada. Com o treino da memória olfativa aprendemos a nomear corretamente cada nota e conseguimos nos comunicar seja degustando um vinho no Brasil, na França ou na China falamos um mesmo idioma comum universalmente.    

                   

 Quando degustamos qualquer coisa seja uma bebida ou um alimento em nossa boca só reconhecemos cinco sabores: doce, salgado, ácido, amargo e umami, todas as outras percepções e, estamos falando de mais de 70%, são olfativas ou retro-olfativas por isso o olfato é tão importante. Mas nós não aprendemos a ligar o nome ao aroma e fica difícil descrever nossas sensações. Cada garrafa nos conta uma história, dentro dela está todo o processo de criação do vinho. Ao conseguirmos distinguir os aromas podemos perceber se estamos bebendo um vinho mais jovem ou mais envelhecido, se ele passou por madeira ou não, de que uva foi feito, se ele vem de um lugar de clima frio ou mais quente, enfim recebemos muitas informações importantes. É uma conversa íntima entre você e seu vinho e aos poucos ele vai te contando tudo, cada um de nós tem uma percepção que reflete nossa vivência, nosso conhecimento.

4. Do que são feitos os aromas que compõem a caixa?

Quando comecei a desenvolver a caixa fiz uma pesquisa minuciosa para selecionar e escolher os aromas que iria usar o que eu estava propondo era um treinamento sensorial eu precisava de uma fidelidade perfeita: como ensinar aos outros que aquele aroma é de banana se as pessoas não conseguirem identificá-lo como tal¿ Foi uma seleção que durou dois anos até conseguir defini-los, testar sua durabilidade, estabilidade e qualidade para finalmente colocá-los em uso. Neste período contei com ajuda de profissionais de várias áreas, engenheiros químicos, enólogos, sommeliers e amigos degustadores que se propuseram a fazer e refazer incansavelmente os testes com os aromas junto comigo, além disso, sempre tive muito incentivo e colaboração do José Antonio, meu marido. Descobri, por exemplo, que alguns materiais produzidos lá fora são diluídos e com o passar do tempo o conservante utilizado para lhes dar estabilidade acaba sobressaindo-se ás notas da essência.

A cada inclusão o processo é o mesmo do utilizado no princípio. Isso também me fez entender a importância de trabalhar com refil, cada aroma tem uma durabilidade um pouco diferente do outro assim com o refil conseguimos aumentar o prazo de validade da caixa, ás vezes pode acontecer um acidente de um vidro quebrar ou ficar aberto neste caso é só pedir o refil do que estragou e a caixa continua válida sem a necessidade de comprar uma nova. Outra coisa que percebi é que as tampas precisam ser marcadas imagine a confusão se você trocar a tampa da violeta com a do alcatrão¿.

5. Cite alguns clientes ou parcerias que você tem:

A Aromas do Vinho surgiu há 15 anos  e neste período atendemos e fizemos parcerias com muitos clientes, seria impossível citar todos entre eles: Enoteca Fasano, Kylix Vinhos, Max Brands, Viña Concha y Toro, Viña Perez Cruz, Cavatappi Enoteca,  Bacco’s,  Grand Cru, Expand,  Armazém dos Importados, Art des Caves, Casa Do Porto, Casa da Cerveja, Cave Jado, Moet Chandon, Diageo, World Wine, La Pastina, Empório Frei Caneca, Vinea, Café Journal, Cachaça Germana, Chandon Brasil, Decanter, Ypioca,  Wine.com.br,  Viavitis.com.br, Drinkon.com.br, Fundacion Fautaro, Senac,  Faculdades Anhembi Morumbi, Faculdade Univille, ABS, UFSC, SBAV, Star One Satelites, Telefônica,Ford, Consulado da Bélgica,  Expomídia, Pro Import, Ponta dos Ganchos Resort, Mastercard Black, Ocean Air, Ultragás, Revista Divino,  Bradesco, Locco Agencia, Kawan Eventos, Mapfre, Mercedes Benz, Belgo Baekert, BNP Paribas, BR Comunicação, Bourbon Spa Atibaia, Bayer, Consulting House, All Nations, Draeger, Sanofi Aventis, Exponor,  Giovanni Draft, Itau Cartoes, LG,  Ketchum, Tatica Marketing, TIM Brasil, Unibanco, O Melhor da Vida, Vivo, Votorantim, Young & Rubican.

Outra novidade, me desculpem os homens, é para as mulheres: montamos uma confraria só para elas (nós) a Wine Diamonds & Lipstick,  teremos reuniões mensais com palestras com convidados que abordarão assuntos atuais interessantes, dicas sobre vinhos, viagens, harmonizações e receitas, muito bate-papo, troca de experiências  e a chance de comprar e degustar vinhos especialmente escolhidos para a confraria, você já pode se inscrever:  WineDiamondsLipstick@aromasdovinho.com.br  e ficar em dia com o universo feminino. 

6.  Algumas dicas que podem ajudar muito na hora de uma degustação:

·         Degustar requer certa concentração e se você tiver condições de preparar um ambiente para isto, tanto melhor.

·         Horário: o ideal é por volta das 11:00 hs, pois pela manhã nosso olfato está mais aguçado e nós estamos mais descansados.

·         Iluminação: a luz ideal é a natural, do dia. Quando tiver necessidade de iluminação artificial, prefira as luzes amarelas, mais parecidas com a luz do sol.

·         Ambiente: deve ser calmo e fresco, preferencialmente longe muito barulho.

·         Local neutro, sem cheiros fortes de comida e ou outros que possam gerar confusão.

·         Estar bem disposto também é importante. Uma gripe, mal estar, stress ou cansaço podem alterar muito suas condições de avaliação.

·         Evite usar perfume.

·         Evite fumar ou tomar café antes ou durante a degustação.

·         Escolha uma taça de cristal, transparente, com haste longa – é por aí que você vai segurá-la. Existem taças especiais para degustação, chamadas Taça ISO, elas tem um formato que privilegia a liberação dos aromas.

·         Nunca encha a taça, o ideal é preenchê-la 1-3 e deixar um espaço para liberar os aromas que entram em contato com o oxigênio.

·         Tenha em mãos uma caixa de aromas para poder treinar com referências precisas.