quarta-feira, 7 de março de 2012

A ESSÊNCIA DO VINHO


 
A Essência do Vinho foi o óscar português, reunindo o creme da nata da vinicultura portuguesa, no Porto, entre 16 e 19 de fevereiro. O evento se realiza no imponente "Palácio da Bolsa", sede da Associação Comercial do Porto, prédio de 1842 em estilo neoclássico.

Co-irmã! No grande salão térreo, sob a abóboda de ferro e vidro a 40 metros de altura, são dispostas as barracas de 300 produtores acessíveis ao público (foto), que paga ingresso em torno de E$ 16 (R$ 40), recebe um copo de cristal e com ele pode provar todos os vinhos da exposição, conversar com os vinicultores, interagir e... porque não dizer, passar da medida etílica recomendável.

Nas quatro alas do palácio retangular abrem-se vários salões, todos belíssimos, Sala do Tribunal, Sala dos Retratos e o mais notável Salão Árabe (vale a pena acessar o Google) com estuques arabescos dourados do século XIX, aonde se realizou a prova super premium. De mais de 3.000 vinhos de 350 produtores, após pré-seleção da equipe da Revista Wine, um conjunto de jurados internacionais elegeu os top ten portugueses. Tive a honra de participar do júri (foto) que, em provas cegas de 8 brancos, 31 tintos e 6 Porto, escolheu os seguintes campeões: CV - Curriculum Vitae 2009, Douro, de Cristiano Van Zeller (tinto); Soalheiro 2010 Primeiras Vinhas, Alvarinho (branco); e Warre's Vintage 2009 da casa Symington (porto).

Tenho reservas sobre a precisão de tais provas. Se de 3 mil selecionaram 45, estamos falando de pouco mais de 1% dos melhores. Quando a nota mais baixa não será inferior a 17 e a maior em torno de 18,5, a escolha depende de sutilezas! São seis flights (ou passagens) de oito copos em duas horas. Mesmo cuspindo-os, nossa boca no começo (quando o olfato e o palato estão descansados) não é igual à do fim. Procurei ter mais atenção nas últimas passagens, porém o fator-tempo dificulta; é preciso seguir o ritmo da manada. Em geral, nestas provas, os últimos raramente serão os primeiros. Há outras "nuanças de concurso" a que nem todos os jurados prestam atenção, p. ex. o olfato agressivo que prevalece sobre o nariz elegante do dia-a-dia. O que dizer dos taninos insones, recém nascidos, programados para durar 40 anos? A verdade é que, se nós jurados fizéssemos a mesma prova no dia seguinte, misturando a ordem dos 31 tintos, a classificação seria outra.

Fonte: Diário do Comércio

Matéria completa: http://migre.me/8cmyO

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