segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Por que bordeaux perdeu o charme para os jovens?


Alex Silva/AE
B de barato. O ‘Bordeaux’ estampado na cápsula não precisa significar muito dinheiro




Não muito tempo atrás, jovens americanos amantes de vinho costumavam caminhar para o bordeaux do mesmo modo que gerações de pretendentes a conhecedores já haviam feito. Era a porta de entrada para o mundo maravilhoso do vinho. Mas hoje esse entusiasmo se volta para as regiões de Borgonha e do Loire, a Itália, a Espanha.
O bordeaux, para muitos jovens entusiastas, é algo careta e pouco atraente, um vinho para colecionadores e investidores que buscam mais status que o prazer da taça. "Não conheço muita gente que goste ou beba bordeaux", diz Cory Cartwright, 30 anos, da Seletion Massale, importadora de San José, na Califórnia, que trabalha com pequenos produtores. Paul Grieco, um dos donos do restaurante Hearth e de dois inovadores bares de vinho, Terroir e Terroir Tribeca, todos em Manhattan, afirma: "Nos últimos 15 anos, não vi nenhum jovem sommelier ‘caçador’ de bordeaux".
Muitos jovens estão preferindo os borgonhas. Uma das explicações para a mudança de gosto é que, diferentemente dos bordeaux, muitos deles produzidos por grandes corporações e proprietários ausentes, os borgonhas são basicamente pequenos produtores, com os quais é mais fácil conversar e negociar.
Outra barreira entre osbordeaux e os jovens é a ausência de um advogado carismático desses vinhos. O público do crítico Robert Parker e outros defensores dos bordeaux tende a ser mais velho e estável. "Minha geração, entre 30 e 50 anos, não parece ter tido com os bordeaux o mesmo momento mágico que teve com os borgonhas ou mesmo com os vinhos do Rhône", diz Laura Maniec, responsável pelos vinhos de mais de 15 restaurantes do grupo B. R. Guest. / Tradução de Roberto Muniz

Eric Asimov é crítico de vinhos do 'New York Times'

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