segunda-feira, 18 de junho de 2012

Vinho fino nacional e importado


Recentemente temos visto uma nova tentativa de salvaguardar a incompetência de algumas empresas nacionais, via interferência do governo. Estou falando da tentativa em sobretaxar ou colocar cotas na importação do vinho importado, tendo em vista que o vinho nacional vem perdendo espaço no mercado. O problema é que boa parte dos empresários do setor vinícola brasileiro, quando fazem um vinho de alta qualidade, colocam preços abusivos.

Neste cenário, o consumidor que procura um vinho de boa qualidade e preço justo, vai para o vinho importado, seja da América do Sul ou da Europa. De acordo com a Federação das Cooperativas do Vinho, foram comercializados no Brasil cerca de 92 milhões de litros de vinho fino, sendo 20 milhões de vinhos nacionais e 72 milhões de importados. Já o Instituto Brasileiro do Vinho divulgou que o brasileiro consumiu em 2011 perto de 78 milhões de litros de vinhos importados, sendo cerca de 27 milhões do Chile, 18 milhões da Argentina, 13 milhões da Itália e assim por diante. Seja como for, o número gira em torno de 25% do vinho fino nacional contra 75% do importado.

Os números mostram claramente que algo está errado na produção brasileira de vinhos finos. Ou é o preço ou a qualidade, ou os dois. O correto não é subir o preço dos importados nem limitar a importação, pois o problema está aqui dentro. O Brasil precisa é fazer vinhos finos de boa qualidade a preços mais baixos. O governo pode ajudar diminuindo impostos ou dando incentivos à indústria nacional, mas impedir a entrada de produto melhor e mais barato é incentivar a indústria a se acomodar e não evoluir. O governo estuda medidas para tornar o vinho importado mais caro ou retirá-lo da prateleira.

Restaurantes do eixo São Paulo e Rio de Janeiro já se posicionaram contra essa medida solicitada por várias associações gaúchas, ameaçando inclusive retirar de suas cartas o vinho nacional.

No meio desta confusão, palmas para a Vinícola Salton, que enviou um comunicado à imprensa afirmando que não apoia o pedido de salvaguarda dos vinhos nacionais, por entender que estas medidas podem restringir o livre arbítrio de seus consumidores. Reforça também que a empresa busca a melhoria de seus processos e produtos, para concorrer com vinhos nacionais e importados. Vinho não é commodity. Infelizmente o governo e alguns setores da indústria vinícola gaúcha não sabem disto. Ou fingem não saber.


Escrito por Dayan Chiodo

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